Em 2020, o Brasil diagnosticou 13.807 novos casos de hanseníase (Ministério da Saúde, 2021). A pandemia de COVID-19 impôs o distanciamento social que, para grupos especiais, dificultou o acesso a saúde (Fiocruz, 2021). As comunidades quilombolas estão vulneráveis e lidam com a precária assistência do poder público (Feitosa, 2021). Em Sergipe, existem cerca de 26 áreas pertencentes a esses povos tradicionais (IBGE, 2020). Dessa forma, qual a incidência de casos de hanseníase durante a pandemia de COVID-19 na população de remanescentes quilombolas do estado?
Verificar a incidência de hanseníase na população quilombola do estado de Sergipe durante a pandemia de COVID-19.
Foi realizado um estudo de caráter transversal, onde foram escolhidas 19 comunidades remanescentes quilombolas do estado de Sergipe, coletando informações de até 100 pessoas por comunidade, durante ação de testagem em massa para a COVID-19, através de um questionário eletrônico. Para análise dos dados, foram considerados doença pré-existente, idade e dados de boletim epidemiológico.
Dos 1.772 pacientes avaliados, foram evidenciados 3 pacientes com a doença ativa. Os mesmos estavam em tratamento, tinham idade >35 anos e, no que se refere a hanseníase, nenhum paciente informou sintomas que indicassem progressão da doença. No ano de 2021, a população estimada de hanseníase no estado seria de 5.187 (311 casos por 100.000 habitantes), indicando uma incidência de 4,29 a cada 100 habitantes. Ao calcular a estimativa na população quilombola, a incidência foi de 0,17 por 1.000 habitantes (3 casos em uma população de 1.772), abaixo da incidência de hanseníase no estado.
Os poucos casos notificados entre a população quilombola no ano de 2020 a 2021 indicam que durante a pandemia de COVID-19, doenças já negligenciadas tiveram uma menor atenção, o que sugere também a possibilidade de subnotificação dos casos de hanseníase e uma deficiência no acesso à saúde destinado a vida de remanescentes quilombolas.
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